Conhecendo as
Obras Básicas do Espiritismo
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige
a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos
das mesmas palavras. Os vocábulos espiritual, espiritualista,
espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à
doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia.
Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo.
Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é
espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos
ou em suas comunicações com o mundo visível.
Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar
a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja
forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a
vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo
a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o
Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou
seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se
quiserem, os espiritistas. Essa a razão por que traz no cabeçalho do seu título
as palavras: Filosofia espiritualista.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Podem dividir-se em cinco partes as matérias contidas nos Evangelhos: os
atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram
tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral.
As quatro primeiras têm sido objeto de controvérsias; a última, porém,
conservou-se constantemente inatacável. Diante desse código divino, a própria
incredulidade se curva.
É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual
podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele
constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda a parte se
originaram das questões dogmáticas.
Aliás, se o discutissem, nele teriam as seitas encontrado sua própria condenação,
visto que, na maioria, elas se agarram mais à parte mística do que à parte
moral, que exige de cada um a reforma de si mesmo.
Para os homens, em particular, constitui aquele código uma regra de
proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública,
o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa
justiça.
É, finalmente e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade
vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura. Essa
parte é a que será objeto exclusivo desta obra.
O LIVRO DOS MÉDIUNS
Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as
dificuldades e os desenganos, com que muitos topam na prática do Espiritismo,
se originam da ignorância dos princípios desta ciência e feliz nos sentimos de
haver podido comprovar que o nosso trabalho, feito com o objetivo de precaver
os adeptos contra os escolhos de um noviciado, produziu frutos e que à leitura
desta obra devem muitos o terem logrado evitá-los.
Natural é, que entre os que se ocupam com o Espiritismo, o desejo de
poderem pôr-se em comunicação com os Espíritos. Esta obra se destina a lhes
aclarar o caminho, levando-os a tirar proveito dos nossos longos e laboriosos
estudos, porquanto muito falsa ideia formaria aquele que pensasse bastar, para
se considerar perito nesta matéria, saber colocar os dedos sobre uma mesa, a
fim de fazê-la mover-se, ou segurar um lápis, a fim de escrever.
O CÉU E O INFERNO
1. Vivemos, pensamos e operamos — eis o que é positivo. E que morremos,
não é menos certo. Mas, deixando a Terra, para onde vamos? Que seremos após a
morte? Estaremos melhor ou pior? Existiremos ou não? Ser ou não ser, tal a
alternativa.
Para sempre ou para nunca mais; ou tudo ou nada: Viveremos eternamente,
ou tudo se aniquilará de vez? É uma tese, essa, que se impõe.
Todo homem experimenta a necessidade de viver, de gozar, de amar e ser
feliz. Dizei ao moribundo que ele viverá ainda; que a sua hora é retardada;
dizei-lhe sobretudo que será mais feliz do que porventura o tenha sido, e o seu
coração rejubilará.
Mas, de que serviriam essas aspirações de felicidade, se um leve sopro
pudesse dissipá-las?
Haverá algo de mais desesperador do que esse pensamento da destruição
absoluta? Afeições caras, inteligência, progresso, saber laboriosamente
adquiridos, tudo despedaçado, tudo perdido!
De nada nos serviria, portanto, qualquer esforço no sofreamento das
paixões, de fadiga para nos ilustrarmos, de devotamento à causa do progresso,
desde que de tudo isso nada aproveitássemos, predominando o pensamento de que
amanhã mesmo, talvez, de nada nos serviria tudo isso.
Se assim fora, a sorte do homem seria cem vezes pior que a do bruto,
porque este vive inteiramente do presente na satisfação dos seus apetites
materiais, sem aspiração para o futuro. Diz-nos uma secreta
intuição, porém, que isso não é possível.
intuição, porém, que isso não é possível.
A GÊNESE
Esta nova obra é mais um passo dado ao terreno das consequências e das
aplicações do Espiritismo. Conforme seu título o indica, tem ela por objeto o
estudo dos três pontos até agora diversamente interpretados e comentados: a
Gênese, os milagres e as predições, em suas relações com as novas leis que
decorrem da observação dos fenômenos espíritas.
Dois elementos, ou, se quiserem, duas forças regem o Universo: o
elemento espiritual e o elemento material. Da ação simultânea desses dois princípios
nascem fenômenos especiais, que se tornam naturalmente inexplicáveis, desde que
se abstraia de um deles, do mesmo modo que a formação da água seria
inexplicável, se se abstraísse de um dos seus elementos constituintes: o
oxigênio e o hidrogênio.
Demonstrando a existência do mundo espiritual e suas relações com o
mundo material, o Espiritismo fornece a chave para a explicação de uma
imensidade de fenômenos incompreendidos e considerados, em virtude mesmo dessa
circunstância, inadmissíveis, por parte de uma certa classe de pensadores.
Abundam nas Escrituras esses fatos e, por desconhecerem a lei que os
rege, é que os comentadores, nos dois campos opostos, girando sempre dentro do
mesmo círculo de ideias, fazendo, uns, abstração dos dados positivos da ciência,
desprezando, outros, o princípio espiritual, não conseguiram chegar a uma
solução racional.
Essa solução se encontra na ação recíproca do Espírito e da matéria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário